terça-feira, 14 de julho de 2015

Outras grandes (e "novas") vozes do rock

Não resta dúvida que o rock e o metal possuem grandes vocalistas. É difícil não reconhecer a técnica, o alcance e a expressividade de nomes como Ronnie James Dio, Rob Halford, Bruce Dickinson, Freddie Mercury, Roger Daltrey, Glenn Hughes, Geoff Tate, Russell Allen, Matt Barlow e tantos outros. Esse assunto, aliás, foi pauta de uma matéria na Whiplash onde uma professora de canto ouviu alguns clássicos do metal (sem saber quem estava cantando, pois ela diz não ter vivência nesse estilo musical) e deu sua opinião. É uma leitura bem legal e pode ser conferida clicando aqui.

Fãs de rock e metal costumam se firmar destes grandes nomes, dos medalhões sagrados que ajudaram a firmar e validar o gênero. Mas será que não é hora de buscar novas vozes? Vejam, não se trata de abrir mão do passado ou de enterrar todos os que listei acima em prol de uma suposta nova geração. A proposta é a seguinte: que tal ouvir outras vozes e se deixar contaminar por bandas que estão fora do grande panteão de heróis?

Para isso, escolhi quatro grupos cujas carreiras tenho acompanhado a algum tempo. As vozes são bem diferentes entre si. O delivery e a energia de cada um desses vocalistas é diferente, mas os três são bem legais.

1- Neil Fallon - Clutch

Já falei do Clutch em outros posts, mas não me canso de levantar a bandeira deles. Os caras fazem uma mistura de rock e blues muito bem sacada, com grandes riffs e letras surreais. Há músicas com temas clássicos do rock (Crucial Velocity), há os chorosos blues de andamento lento (Gone Cold), e as letras viajantes com vacas sagradas em campos elísios, o poder do espírito santo, a navalha de Occam, a empresa de computadores IBM, gafanhotos, garças e uma barba em chamas, tudo na mesma música (Burning Beard). A essa altura, já não sei se é surreal ou dadaista. Em todo caso, a voz do cara é sensacional. O alcance não é grande não há a versatilidade (e nem a pompa) de outros grupos de rock. No máximo, Neil grava duas trilhas de voz nos refrões ou coloca uma harmonia aqui e outra ali. É coisa da proposta da banda: rock direto e reto, sem frescura, sem firula. Não poderiam ter dado um tiro mais certeiro na hora de moldar o estilo da banda, que tem se refinado e se estabilizado desde o excelente álbum Blast Tyrant, de 2004.

2- Claudio Sanchez - Coheed and Cambria

Descobri o Coheed meio que por acidente. A história foi a seguinte: eu estava lendo uma dessas notícias de "os melhores discos do ano" num site de rock. Me divirto contrastando as minhas escolhas com as dos editores dos sites. Mas uma das notícias me chamou a atenção. Ela trazia os melhores discos do ano eleitos por cada um dos membros do Dream Theater (um dos maiores grupos de prog metal de todos os tempos). Entre os escolhidos do virtuosíssimo Mike Portnoy, estava um tal de Coheed and Cambria com o disco No World For Tomorrow. Nunca tinha ouvido falar daquilo e, como estava no clima para experimentar algo novo, fui atrás para ver se ia dar samba. Não lembro se o primeiro contato foi via YouTube ou pelo player de música do próprio site da banda. Ouvi a faixa título e fiquei sem entender muita coisa. Achei os vocais estranhos (anasalados e agudos) e as linhas de guitarra meio tumultuadas. Estranhei a falta de um riff mais quadrado e de uma estrutura musical mais tradicional. O tempo foi passando, continuei ouvindo o disco e, faixa por faixa, a proposta do grupo foi ficando clara. Algum tempo depois, tudo passou a fazer sentido. Os caras montaram (e ainda montam) os discos em cima de uma história de ficção científica (escrita pelo Claudio) chamada Amory Wars. Faixa por faixa, eventos e personagens vão sendo descritos e as coisas vão avançando. Tempos depois, fui atrás dos outros discos e das revistas em quadrinhos. Atualmente, é um dos grupos que mais gosto. Eles tem composições muito diferentes entre si, mas dá pra ouvir algo de Led Zep, Queen, Thin Lizzy e uma pegada que, em alguns momentos, lembra o punk/hc.

Aqui vão alguns exemplos de músicas que eu acho interessantes. O que me fisgou, em todos os casos, foram as melodias. (E o cabelo maneiro do Claudio também).

The Suffering, The Running Free, Dark Side of Me, Devil in Jersey City,  A Favor House Atlantic.


3 - Lzzy Hale - Halestorm



É, é Lzzy mesmo, não Lizzy. Mais uma descoberta por acaso. A primeira vez que tive contato com a voz dela foi ouvindo Adrenaline Mob (que merece um post exclusivo!!). O primeiro disco deles tem um cover de Come Undone, do Duran Duran. No refrão, ela canta junto com o Russell Allen. Apesar da boa impressão, ficou só naquele esquema de "participação legal no disco dos caras". Não tive a pilha de ir atrás. Passou mais algum tempo e veio o disco This is Your Life. Um tributo ao Dio com grandes bandas e nomes do metal. Entre as faixas, estava lá uma versão de Straight Through the Heart gravada pelo Halestorm, que a banda original da srta. Hale. Fiquei bem impressionado e fui conferir o trabalho dos caras (e da mina). Gostei e tenho recomendado o Halestorm (e o Dead Sara) para quem procura vocalistas de rock contemporâneas.
Aqui vão algumas músicas legais do grupo: Freak Like Me, Mz. Hyde. E aqui vai uma participação especial dela com o Myles Kennedy (do Alter Bridge e da carreira solo recente do Slash). É uma balada chamada Watch Over You.

4- Myles Kennedy - Alter Bridge / Slash and the Conspirators



E quem diria que das cinzas do Creed se levantaria uma banda boa?!?! Depois da saída daquele vocalista chatinho, Mike Tremonti (um tremendo guitarrista) e o resto da banda formaram um grupo novo e recrutaram o Myles Kennedy.
O vídeo que escolhi para o Myles, aliás, ilustra um dos meus solos de guitarra favorito de todos os tempos. A primeira metade é do Myles, a segunda do Tremonti. Coisa fina mesmo, pau a pau com No More Tears, Cemetery Gates, ou os breaks de guitarra em Whole Lotta Love. Mas OK, o assunto é o vocalista, certo?
O disco Blackbird é uma excelente porta de entrada para o trabalho do Myles, que também toca guitarra. As músicas são muito bem montadas e ele tem muita liberdade para fazer as linhas de voz.
Se eu tivesse que escolher mais duas músicas do AB, ficaria com Rise Today e Metalingus. Quanto ao trabalho dele com o Slash, ficaria com Bent to Fly e Starlight.

Bom, por hoje é isso. Aceito sugestões de vozes e bandas nos comentários e no FB!!