Não resta dúvida que o rock e o metal possuem grandes vocalistas. É difícil não reconhecer a técnica, o alcance e a expressividade de nomes como Ronnie James Dio, Rob Halford, Bruce Dickinson, Freddie Mercury, Roger Daltrey, Glenn Hughes, Geoff Tate, Russell Allen, Matt Barlow e tantos outros. Esse assunto, aliás, foi pauta de uma matéria na Whiplash onde uma professora de canto ouviu alguns clássicos do metal (sem saber quem estava cantando, pois ela diz não ter vivência nesse estilo musical) e deu sua opinião. É uma leitura bem legal e pode ser conferida clicando aqui.
Fãs de rock e metal costumam se firmar destes grandes nomes, dos medalhões sagrados que ajudaram a firmar e validar o gênero. Mas será que não é hora de buscar novas vozes? Vejam, não se trata de abrir mão do passado ou de enterrar todos os que listei acima em prol de uma suposta nova geração. A proposta é a seguinte: que tal ouvir outras vozes e se deixar contaminar por bandas que estão fora do grande panteão de heróis?
Para isso, escolhi quatro grupos cujas carreiras tenho acompanhado a algum tempo. As vozes são bem diferentes entre si. O delivery e a energia de cada um desses vocalistas é diferente, mas os três são bem legais.
1- Neil Fallon - Clutch
Já falei do Clutch em outros posts, mas não me canso de levantar a bandeira deles. Os caras fazem uma mistura de rock e blues muito bem sacada, com grandes riffs e letras surreais. Há músicas com temas clássicos do rock (Crucial Velocity), há os chorosos blues de andamento lento (Gone Cold), e as letras viajantes com vacas sagradas em campos elísios, o poder do espírito santo, a navalha de Occam, a empresa de computadores IBM, gafanhotos, garças e uma barba em chamas, tudo na mesma música (Burning Beard). A essa altura, já não sei se é surreal ou dadaista. Em todo caso, a voz do cara é sensacional. O alcance não é grande não há a versatilidade (e nem a pompa) de outros grupos de rock. No máximo, Neil grava duas trilhas de voz nos refrões ou coloca uma harmonia aqui e outra ali. É coisa da proposta da banda: rock direto e reto, sem frescura, sem firula. Não poderiam ter dado um tiro mais certeiro na hora de moldar o estilo da banda, que tem se refinado e se estabilizado desde o excelente álbum Blast Tyrant, de 2004.
2- Claudio Sanchez - Coheed and Cambria
Descobri o Coheed meio que por acidente. A história foi a seguinte: eu estava lendo uma dessas notícias de "os melhores discos do ano" num site de rock. Me divirto contrastando as minhas escolhas com as dos editores dos sites. Mas uma das notícias me chamou a atenção. Ela trazia os melhores discos do ano eleitos por cada um dos membros do Dream Theater (um dos maiores grupos de prog metal de todos os tempos). Entre os escolhidos do virtuosíssimo Mike Portnoy, estava um tal de Coheed and Cambria com o disco No World For Tomorrow. Nunca tinha ouvido falar daquilo e, como estava no clima para experimentar algo novo, fui atrás para ver se ia dar samba. Não lembro se o primeiro contato foi via YouTube ou pelo player de música do próprio site da banda. Ouvi a faixa título e fiquei sem entender muita coisa. Achei os vocais estranhos (anasalados e agudos) e as linhas de guitarra meio tumultuadas. Estranhei a falta de um riff mais quadrado e de uma estrutura musical mais tradicional. O tempo foi passando, continuei ouvindo o disco e, faixa por faixa, a proposta do grupo foi ficando clara. Algum tempo depois, tudo passou a fazer sentido. Os caras montaram (e ainda montam) os discos em cima de uma história de ficção científica (escrita pelo Claudio) chamada Amory Wars. Faixa por faixa, eventos e personagens vão sendo descritos e as coisas vão avançando. Tempos depois, fui atrás dos outros discos e das revistas em quadrinhos. Atualmente, é um dos grupos que mais gosto. Eles tem composições muito diferentes entre si, mas dá pra ouvir algo de Led Zep, Queen, Thin Lizzy e uma pegada que, em alguns momentos, lembra o punk/hc.
Aqui vão alguns exemplos de músicas que eu acho interessantes. O que me fisgou, em todos os casos, foram as melodias. (E o cabelo maneiro do Claudio também).
É, é Lzzy mesmo, não Lizzy. Mais uma descoberta por acaso. A primeira vez que tive contato com a voz dela foi ouvindo Adrenaline Mob (que merece um post exclusivo!!). O primeiro disco deles tem um cover de Come Undone, do Duran Duran. No refrão, ela canta junto com o Russell Allen. Apesar da boa impressão, ficou só naquele esquema de "participação legal no disco dos caras". Não tive a pilha de ir atrás. Passou mais algum tempo e veio o disco This is Your Life. Um tributo ao Dio com grandes bandas e nomes do metal. Entre as faixas, estava lá uma versão de Straight Through the Heart gravada pelo Halestorm, que a banda original da srta. Hale. Fiquei bem impressionado e fui conferir o trabalho dos caras (e da mina). Gostei e tenho recomendado o Halestorm (e o Dead Sara) para quem procura vocalistas de rock contemporâneas.
Aqui vão algumas músicas legais do grupo: Freak Like Me, Mz. Hyde. E aqui vai uma participação especial dela com o Myles Kennedy (do Alter Bridge e da carreira solo recente do Slash). É uma balada chamada Watch Over You.
4- Myles Kennedy - Alter Bridge / Slash and the Conspirators
E quem diria que das cinzas do Creed se levantaria uma banda boa?!?! Depois da saída daquele vocalista chatinho, Mike Tremonti (um tremendo guitarrista) e o resto da banda formaram um grupo novo e recrutaram o Myles Kennedy.
O vídeo que escolhi para o Myles, aliás, ilustra um dos meus solos de guitarra favorito de todos os tempos. A primeira metade é do Myles, a segunda do Tremonti. Coisa fina mesmo, pau a pau com No More Tears, Cemetery Gates, ou os breaks de guitarra em Whole Lotta Love. Mas OK, o assunto é o vocalista, certo?
O disco Blackbird é uma excelente porta de entrada para o trabalho do Myles, que também toca guitarra. As músicas são muito bem montadas e ele tem muita liberdade para fazer as linhas de voz.
Se eu tivesse que escolher mais duas músicas do AB, ficaria com Rise Today e Metalingus. Quanto ao trabalho dele com o Slash, ficaria com Bent to Fly e Starlight.
Bom, por hoje é isso. Aceito sugestões de vozes e bandas nos comentários e no FB!!
A ideia para este post me veio enquanto estava dirigindo de
volta para casa depois do trabalho. O telefone fica plugado no som do carro e
está sempre no shuffle/random. A sequência de músicas tocadas está nos vídeos
que linkei para cada banda abaixo. Essa feliz coincidência me deixou pensando: “caraca,
cinco bandas com um som muito bom, feito por gente que entende do babado!”. Em
todas as cinco, há gente que tem pelo menos 10 (ou 40!) anos de estrada. O que
todas elas tem em comum? Músicos excelentes, tocando pra curtir, para explorar
limites e gêneros que são (mais ou menos) distantes do que eles fazem em suas
bandas “nativas”. Aqui vai!
Chickenfoot
Essa banda não tinha como dar errado! O grupo é formado por 50% do Van Halen (Sammy Hagar na voz e
Michael Anthony no baixo) e 25% do Red Hot Chilli Peppers (Chad Smith, bateria).
Os 25% restantes ficam a cargo de ninguém menos que o guitarrista Joe Satriani.
Infelizmente, o grupo só gravou dois discos: Chickenfoot e Chickenfoot III. Também há dois DVDs (Chickenfoot
Deluxe Limited Edition e Get Your Buzz On Live) e uma música (Highway Star, em
versão ao vivo) que foi lançada no disco Re-Machined, que é um (excelente)
disco de tributo ao clássico Machine Head, do Deep Purple.
Menção honrosa para as músicas Big Foot, Future in the Past e Alright Alright.
PS: Gosto MUITO mais do Hagar do que do Lee Roth. #prontofalei!
Black Country Communion
Outro grupo com pedigree fenomenal. Aqui temos Gleen Hughes
que já foi do Deep Purple e do Trapeze e uma excelente carreira solo, fazendo baixo
e voz. O outro vocalista é ninguém menos que o bluesman Joe Bonamassa, que também cuida
das guitarras. Os teclados ficam sob a responsabilidade de Derek Sherinian
(ex-Dream Theater e inúmeras participações especiais em discos e tours de
diversos músicos e bandas). A bateria é comandada por Jason Bonham que,
honrando o legado do pai, arregaça tudo.
Infelizmente, o BCC tem apenas três discos. BCC, BCC 2 e
Afterglow. Por causa dos clássicos problemas de agenda e “diferenças musicais” - principalmente no eixo Hughes-Bonamassa - a banda foi desfeita.
Menção honrosa para algumas coisas que circundam o BCC: Sinner's Prayer (Joe Bonamassa + Beth Hart), In my Blood (da carreira solo de Glenn Hughes) e a versão de Stairway to Heaven com as meninas do Heart e o Bonham fazendo a bateria (aquela cerimônia na qual o Led Zep recebeu honrarias do governo dos EUA).
Adrenaline Mob
Esta é uma das muitas bandas/projetos que surgiram em torno
da figura de Mike Portnoy (bateria) após sua saída do Dream Theater. Aqui temos
um dos melhores vocalistas de metal de todos os tempos: Russell Allen (tem um disco
solo bem legal, Atomic Soul, e o excelente trabalho dele no Symphony X, especialmente
de uns anos pra cá). Ao menos para mim, a surpresa ficou por conta da seção de
cordas. Temos Mike Orlando nas guitarras (nunca tinha ouvido falar) e John
Moyer (Disturbed) no baixo (mas ele é só um de três baixistas até o momento). Aliás,
a formação tem variado um pouco: o próprio Portnoy saiu e foi substituído por
AJ Pero (Twisted Sister), que infelizmente faleceu em março deste ano.
Menção honrosa para os covers excelentes (e meio inusitados) que os caras fizeram: Come Undone (do Duran Duran, com a convidada especial Lzzy Hale, do Halestorm), High Wire (Badlands) e Barracuda (olha aí o Heart duas vezes no mesmo post!).
The Winery Dogs
Mais uma banda-projeto de Portnoy. Dessa vez em formato de
trio, os virtuosos Billy Sheehan (Mr. Big) e Richie Kotzen (além de uma longa
carreira solo, também fez parte do Mr. Big e do Poison, entre outros). Ao invés
de metal, exibições gratuitas de velocidade em seus respectivos instrumentos ou
mesmo optar por formas mais pesadas de rock, o trio correu na direção
contrária, adotando uma veia mais voltada para o pop, o soul e o funk.
Eles também fazem um "acampamento" para músicos. É um daqueles esquemas gringos nos quais os membros da banda (ou professores de escola) fazem um retiro com um grupo de alunos. O propósito é respirar música por cerca de uma semana, com aulas, workshops e apresentações a todo momento.
Menção honrosa para as músicas Elevate, We Are One (que refrão incrível!) e One More Time.
Spiritual Beggars
Que tal tocar hard rock setentista com uma pegada meio
stoner? Parece bom, não? O clássico arranjo voz, guitarra, baixo, bateria e
teclados que consagrou gente como o Deep Purple só que com uma vibe mais
próxima do Sabbath. O grupo teve, até o momento, 3 vocalistas diferentes. São
eles: Christian "Spice" Sjöstrand (que também tocava baixo), Janne
"JB" Christoffersson (guitarrista e vocalista do grand Magus) e Apollo
Papathanasio (professor de música e, desde 2006, vocalista do Firewind, banda
de onde veio Gus G, guitarrista do Ozzy).
Além deles, há mais dois outros sujeitos que dão a “cara” da
banda. O primeiro deles é Per Wiberg, tecladista do Opeth. O outro é um
guitarrista com um currículo invejável: Carcass, Candlemass e Arch Enemy. Seus
cabelos vermelhos e sua flying V (há modelos de assinatura da Dean e da ESP)
são sua marca registrada. Não poderia ser outra pessoa além de Michael Amott.
É bem difícil escolher as menções honrosas pois a banda já produziu muita coisa. Então resolvi escolher as músicas que mais curto. Aqui vão cinco delas: Angel of Betrayal, Per Aspera Ad Astra, Wise as a Serpent, We are Free e Coming Home (essa me lembra muito o UFo da era Schenker).
A ideia por trás dessa série de posts (de férias!) é
compartilhar com os leitores algumas coisas que fizeram a minha cabeça – e
provavelmente ainda fazem – quando eu era moleque. Pretendo que essas postagens
tenham 4 ou 5 capítulos. Elas devem incluir discos, filmes, games e gibis. Como
tudo nesse blog, não há periodicidade. É uma coisa do tipo tempo livre +
inspiração = post.
O primeiro objeto no qual pensei foi o disco Cryptic
Writings, do Megadeth, lançado em 1997. Estão aí as duas capas. Inclusive, eu nem sabia que existem duas. Meu CD é a edição mais antiga, de capa prateada. Essa é a capa das primeiras 500 mil cópias. Depois disso, incluindo a remasterização de 2004, só é possível encontrar o disco com a capa preta. Aliás, esse é um disco interessante por diversas
razões. Foi o último da clássica formação Mustaine – Friedman – Ellefson –
Menza, que estava junta desde 1990, quando gravaram o álbum Rust in Peace. Este
é o último disco de Menza, sendo que Friedman deixaria a banda depois do
próximo, Risk, de 1999. Também vemos o grupo flertando com instrumentos pouco
usuais para uma banda de metal: há cítaras em Secret Place (alguns por aí se
lembrarão de Wherever I may Roam, do Metallica, que também tinha cítara na
introdução), gaita em Have Cool, Will Travel e naipes de cordas em Trust e Use
the Man.
O disco é claramente continuação do trabalho feito em
Countdown to Extinction (1992) e Youthanasia (1994): uma pegada que ainda é
típica do metal, mas privilegiando as melodias (vozes e fraseados de guitarra)
e a estrutura das canções. A estética dos primeiros álbuns já havia sido, há
muito, abandonada. Não há espaço para algo como Devil’s Island ou Peace Sells
por aqui. Músicas desse tipo foram substituídas pela vibe quase hard rock de
Almost Honest e Secret Place. Ainda assim, músicas como The Disintegrators, She-Wolf,
Vortex e FFF (Fight for Freedom) estão entre as mais pesadas do catálogo do
grupo. Os caras realmente souberam colocar boas melodias por cima de bases e
solos bastante velozes. Quer uma prova? Basta ouvir o fraseado de guitarras ao
final de She-Wolf. Se comparado ao material anterior de Friedman (Holy Wars,
Rust in Peace... Polaris, Hangar 18), veremos que aqui ele é muito mais direto
– e talvez mais eficaz O fraseado é mais simples, tem menos notas e vai direto
ao ponto.
O Megadeth sempre foi uma banda com os dois pés fincados ao
chão. Ainda que existam canções sobre temas místicos e fantásticos, a maior
parte da produção do grupo é baseada em problemas e situações reais. Isso fica
claro quando pensamos a respeito do nome da banda: morte de um milhão de
pessoas causada por explosão nuclear. Surgido em meados dos anos 80, o Megadeth
colocava em suas letras e arranjos as tensões de infância e adolescência
vividas sob a Guerra Fria e parte da era Nixon. Cryptic Writings é bem menos
político do que os álbuns anteriores. O grupo já havia discutido a futilidade
da guerra (inclusive a religiosa), as desastrosas políticas internas e externas
de seu país natal e armas nucleares. Mas Cryptic Writings teve um viés mais
introspectivo. Use the Man é sobre o abuso de entorpecentes, que atormentou
parte do grupo (e várias outras bandas) na década de 1990. Trust e Almost
Honest tratam do fracasso de relacionamentos devido à quebra de confiança de
ambos os lados. Mastermind prenunciava o futuro no qual todos estão
perpetuamente online, recebem informação pasteurizada e acabam perdendo o senso
crítico. Have Cool Will Travel abordava a violência escolar, como uma espécie
de prelúdio aos ataques de atiradores à estudantes: Mammas pack their lunches,
kiddies pack their guns. Wishing
it would go away, but nothing is getting done. Considerando que Mustaine
escreveu todas as letras e recebeu colaborações dos outros membros apenas em
duas faixas (I’ll Get Even e Sin), o disco é um retrato razoavelmente claro da
maneira como ele enxergava o mundo à sua volta.
Enquanto isso o resto do mundo do metal não estava lá tão
bem. Os discos da segunda metade dos anos 1990 não eram nenhuma Brastemp. O
Metallica lançava a dupla Load e Reload, que são até bons discos caso a gente
entenda que a proposta desses álbuns é mudar a direção da carreira do grupo e
atingir novos públicos (o quanto isso funcionou, ou não, fica em aberto).
Enquanto isso, o Iron Maiden, enfraquecido sem o Bruce, lançava os fracos X
Factor (1995) e Virtual XI (1998). O Judas Priest veio com Jugulator (97) e Tim
Ripper Owens nos vocais. O Pantera também já não era mais o mesmo. Phil Anselmo,
vocalista do grupo, estava afundado em heroína, restando à gravadora soltar um
disco ao vivo dos cowboys em 97. No mesmo ano, o Testament lançava o disco
Demonic, longe de ser seu melhor momento. O Sepultura estava se desfazendo no
cataclisma de problemas internos e externos gerado pela tour do disco Roots
(1996). Nesse período, o Iced Earth conseguiu se salvar com os discos Dark Saga
(1996) e Something Wicked This Way Comes (1998). No mundo pós-grunge do final
dos anos 1990, poucos grupos de metal tradicional conseguiram produzir bons
trabalhos. Mas ainda restava esperança na figura do
esgrimista-piloto-vocalista-cervejeiro-palestrante-escritor Bruce Dickinson.
Seu trabalho fora do Maiden rendeu ao metal alguns dos melhores discos da
história do gênero: Chemical Wedding (1997) e Accident of Birth (1998).
Alguma ponta de esperança restava do outro lado do
Atlântico. Enquanto as terras do Tio Sam vivenciavam o new metal do Kron, Limp
Bizkit, Deftones, SOAD, Slipknot e companhia limitada, o Velho Continente era
sacudido pela força do metal sinfônico. Uma forma de speed – power –
neoclássico – melódico – sei-lá-o-quê-metal já vinha sendo trabalhada por grupos
como Stratovarius, Helloween, Gamma Ray e Blind Guardian, entre outros. Esse
processo culminaria com a virada para o milênio e discos como Nightfall in
Middle Earth (Blind Guardian, 1998), Kings of the Nordic Twilight (Luca
Turilli, 1999).
De volta ao Cryptic Writings, resta dizer que, em 1997, uma
visão panorâmica desse tipo era impossível. É fácil (demais?) olhar para trás e
encontrar padrões e processos quando já estamos informados pela História. Mas
nem sempre a coisa se delineia claramente. Em 97, ninguém imaginava que Marty
Friedman deixaria o Megadeth depois do disco seguinte, o fraco Risk, para
seguir carreira solo no Japão. Pensar que o gigante Metallica gravaria um disco
duplo ao vivo com uma orquestra era um pensamento que só passava pela cabeça
dos mais sonhadores. O que dizer, então, do que veio depois? Quem poderia
prever St. Anger e Some Kind of Monster? A volta de Dickinson ao Maiden era
esperada, tal como a de Halford ao Judas. Mas elas só ocorreriam anos depois. Até
mesmo o sempre rentável AC-DC passou por um hiato nesse período: há cinco anos
entre Ballbreaker (1995) e Stiff Upper Lip (2000). No nevoeiro que havia se
formado após a derrocada do grunge e os primeiros passos do compartilhamento de
arquivos via internet, pouca coisa estava clara. Como disse o Mustaine em Sweating Bullets:
hindsight is always 20/20, but looking back is still a bit fuzzy.
Aqui vão alguns dos livros que tenho lido recentemente na tentativa de compreender o Heavy Metal. Esse negócio de cruzar música, história, antropologia e sociologia dá um bom caldo! Coloquei na foto só os que eu acei mais chamativos. Tem um monte de outras coisas em pdf, e-books. Esses últimos são os que discutem teoria e filosofia da história, bem como formação de grupos, mídia e cultura de massa, tribos urbanas e questões da performance.
Em tempo, segue a referência das obras que estão na foto, a começar a partir do canto superior esquerdo:
FRIENDLANDER, Paul. Rock and roll - Uma História social. Rio de Janeiro: Record, 2006. VINIL, Kid. Almanaque do Rock. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012. TRUNK, Ediie. Eddie trunk's Essential Hard Rock and Heavy Metal. Nova Iorque: Abrams Image, 2011. PICOLLI, Edgard. Que rock é esse? Rio de Janeiro, Globo, 2008. JANOTTI JR, Jeder. Aumenta que isso aí é rock and roll. Rio de Janeiro: E-papers, 2003. ALVES JR, Carlos. Rock Brasil - Um giro pelos últimos 20 anos do rock verde e amarelo. São Paulo: Esfera, 2003. BUKZPAN, Daniel. Encyclopedia of Heavy Metal. Nova Iorque, Sterling, 2003. BRASIL, Circe. Aquiles Polvo Priester - de fã à ídolo. São Paulo: Anadarco, 2011. WALLACH, Jeremy (org.). Metal rules the globe - Heavy Metal Music Around the world. Durham: Duke University Press, 2011. CHRISTE, Ian. Heavy Metal – A História Completa. São Paulo: Arx/Saraiva, 2010. CARNEIRO, Luiz Felipe. Rock in Rio – A história do maior festival de música do mundo. São Paulo: Globo, 2001. STENNING, Paul. 30 anos da besta - Biografia completa não autorizada do Iron Maiden. Beast Books, 2010. WEINSTEIN, Deena. Heavy metal - The music and its culture. Da Capo Press, 2000.
Mudei a tela de logon/login do meu laptop. Particularmente, achei que ficou show de bola! Algumas pessoas me perguntaram como fiz para mudar o ícone de nome do usuário (aquela flor laranja, bola de futebol, violão, cachorro e outras imagens que já vem no Windows) e essa tela inicial. Pois bem, aqui vai o procedimento.
Modificando o ícone de usuário no Windows 7:
1. Clique em iniciar.
2. Clique na figura que você quer trocar, ela deve estar logo acima do seu nome. Lembrando que você precisa clicar DENTRO da figura.
3. Você deve estar dentro da tela de controle de usuários, onde poderá editar algumas opções do seu perfil, trocar a senha, o nome/tipo de conta e outras opções. É só clicar na terceira opção: "alterar a imagem".
4. Será aberta uma lista com as imagens default do Windows. Você pode escolher uma delas ou, caso queira colocar uma foto sua ou alguma outra coisa, é só clicar em "Procurar mais imagens". Daí é só escolher a imagem que você quiser. Ela pode estar em qualquer pasta e ser de qualquer tamanho. Considero ideal escolher uma imagem mais ou menos "quadrada" para que ela seja bem representada dentro do quadradinho.
Modificando a tela de logon/login.
1. Abra a pasta C:\Windows\System32\oobe\Info\Backgrounds (se você não possui essa pasta, é só criar).
2. Modifique o arquivo BackgroundDefault.jpg. Você pode escolher uma foto em outra pasta, trocar o nome dela e substituir a que está nessa pasta de sistema.
3. Há um limite de tamanho para a imagem. Ela pode ter no máximo 256kb.
4. Uma outra sugestão é usar o Photoshop (ou um programa similar) para criar um arquivo novo com as dimensões exatas da sua tela. Depois é só jogar a imagem lá, dimensionar, cortar, colocar filtros e etc.
Quem conhece os jogos da série Zelda certamente entendeu a imagem, não?
Recentemente terminei de jogar Zelda: Skyward Sword. É um jogaço, daqueles que a gente não vê todo dia. Arrisco dizer que, se não é o melhor de todos os Zeldas, é um dos. Para mim, isso se deve a dois fatores: as dungeons/templos tem design excelente e finalmente os controles de movimento do Wii serviram para alguma coisa que preste.
Vamos ao primeiro argumento, deixando a polêmica do segundo (?) para o final. Acho que a grande mudança nesse Zelda foi que os templos/dungeons ficaram espalhados por áreas grandes. Ao invés de uma caverna cheia de fogo e lava gigantesca com centenas de salas, temos um ambiente bem construído em volta. Por exemplo, no que tradicionalmente seria o templo de fogo, é necessário primeiro ir da base ao cume de um vulcão. Um vez no topo, temos a estrutura do templo em si, que é consideravelmente menor (mas nem por isso menos divertido) que os templos dos outros jogos. O resultado é que as coisas ficaram bem distribuídas, dando verossimilhança aos ambientes. Não que a proposta do jogo seja ser extremamente realista, mas ter uma realidade na qual as coisas funcionam (tanto o sistema de física quando a proporção dos locais e personagens) faz com que a gente acredite mais no jogo. No fundo, termo que procuro é "willful suspension of disbelief", ou seja, deixar o ceticismo de lado e poder mergulhar num ambiente que não é o nosso.
No que diz respeito ao ponto dois, a minha opinião é a seguinte: jogo videogames desde o final dos anos 1980. De lá pra cá, a interface sempre foi a mesma. Botões e alavancas controlavam a ação na tela. Quando não, havia volante e pedais (que na verdade é o direcional e os botões), ou manches e throttles dos simuladores de vôo (mais alavancas e botões) ou então armas (Virtua Cop, Time Crisis, House of the Dead, Mad Dog McCree e etc) ou um tapete com botões (alguém aí pensou em DDR?). Algumas tentativas fracassadas de controle corporal (para não falar nos ridículos capacetes de realidade virtual) também existiram: o Sega Activator, por exemplo.
Daí que veio o Nintendo Wii no final de 2006 e SUPOSTAMENTE revolucionou a indústria dos games. Será? Na maioria esmagadora dos jogos a gente faz 3 coisas:
1- Aponta para a tela simulando um mouse ou a mira de uma arma. Esse é o casos dos jogos de tiro (The Conduit, Metroid, Call of Duty, etc). Os simuladores de mouse são caracterizados no Trauma Center ou no Zack e Wiki (que lembra muito os bons e velhos point and click da LucasArts e da Sierra e exige movimentos do controle para determinadas ações).
2- Fica balançando o controle loucamente para que o personagem faça alguma coisa. Por exemplo: dar golpes em No More Heroes, fazer o Mario rodar em Mario Galaxy 1 e 2 (que também faz uso do ponteiro para pegar os star bits), chutar uma bola num jogo de esportes, ativar o turbo num jogo de corrida e por aí vai.
3- Mover o controle de maneira específica para realizar ações equivalentes. Um dos maiores exemplos está no Cooking Mama. No primeiro caso, a gente corta legumes, mistura ingredientes de uma sopa, descasca frutas e etc. Para cada uma das ações, há um movimento num sentido/posição específica.
O problema dessa abordagem é que nem sempre ela dava certo. Em diversos casos a detecção do movimento apresentava falhas, fazendo a gente lutar mais contra os controles do que focando-se em vencer os desafios propostos em cada jogo. Dois casos em especial me deixaram puto chateado: Donkey Kong Country Returns e New Super Mario Bros Wii. Nos dois casos, os controles foram mapeados de maneira que era necessário sacudir o Wiimote para realizar determinadas ações. Mas num jogo de plataformas onde você tem que ser bastante preciso para escapar dos inimigos e buracos sem fundo, que tal usar UM BOTÃO ao invés de sacudir o controle? Fazer o Donkey Kong bater no chão sacudindo o controle não me acrescente em nada. Fazer o Mario com chapéu de helicóptero voar mais alto sacundindo também não resolve. Que tal um botão? É mais simples e, ao mesmo tempo, mais preciso. Isso é especialmente grave no DKC Returns. Para pegar todas as moedas e coisas especiais é necessário ser MUITO preciso nos movimentos (alguém mais aí xingou as fases de carrinho de mina e as de barril-foguete?).
Mas voltando ao Zelda. A implementação do Wii Motion Plus nos trouxe algo que devia estar conosco no Wii desde o seu lançamento: controles precisos que sejam transmitidos na razão de 1:1 com o que acontece na tela. Foi exatamente isso que transformou o Skyward Sword em um dos jogos mais legais de todos. Uma das coisas que eu gostava no Zelda 2 (dos tempos 8-bit) voltou: os duelos com os inimigos. Eles ficavam mudando a posição do escudo (alto/baixo) enquanto se moviam (avançando e recuando), o que forçava o jogador a fazer o mesmo. No Skyward Sword, os inimigos montam guarda numa determinada posição, cabendo ao jogador golpear (e a espada é mapeada no wiimote) no local e sentido corretos (da esquerda para a direita, de cima para baixo, por exemplo). Esse tipo de detecção de movimento foi habilmente usada não só na espada, mas como no besouro voador (para explorar lugares e resolver puzzles) e para pilotar os Loftwings (os pássaros que servem de meio de transporte).
Em resumo, depois de cinco anos após seu lançamento, a Nintendo finalmente fez com o Wii o que ela deveria estar fazendo desde o começo: usando os sensores de movimento de maneira inteligente e que realmente faça sentido dentro do universo do jogo. Outros títulos que chegaram perto disso, mas que falham por falta de precisão, são Zack and Wiki e Cooking Mama. Considerando que o Wii-U já foi anunciado e, portanto, deve estar atraindo muitos desenvolvedores e ser o atual foco das pesquisas da Big N, é uma pena que o Wii não vá receber outros jogos do porte do Zelda Skyward Sword ou do Mario Galaxy 2. Se o Twilight Princess foi o canto do cisne para o GameCube, Skyward Sword parece servir a mesma proposta para o Wii...