Ah, a vida em Porto Trombetas, o lugar mais bucólico da
humanidade! É comum a gente ver por aqui um monte de espécies
tipicamente amazônicas levando suas vidas numa boa. Por exemplo,
todas as manhãs e nos fins de tarde eu vejo cotias na ida e na
volta do trabalho. De vez em quando, se você der sorte, pode ver
um veado. Todos os dias ouvimos o barulho do macaco guariba.
Também já vi algumas vezes tucanos e araras vermelhas. A Ana até
já viu as azuis. No fim de semana passado fomos ao Lago do Moura e
vimos patos, um pássaro pescador (como um mergulhão, que nos
mostrou que nem só os beija-flores pairam no ar) e botos que
nadavam acompanhando nosso barco. Isso sem contar nas inúmeras
criaturas que apenas ouvimos durante o acampamento noturno e
diurno.
No entanto, nem tudo são flores.
No início do mês de outubro tivemos uma mega-chuva, daquelas de
cinema. Acho que é isso que os gringos chamam de tropical
rainstorm. Ela derrubou um monte de árvores na cidade e, suponho,
na floresta. Graças aos céus, ninguém ficou ferido. A outra coisa
que ela derrubou foi o sinal de internet. Ou seja, alguma árvore
em algum lugar caiu por cima dos fios, antenas ou sei lá-o-quê
responsável pela comunicação entre a cidade e o satélite de uma
dessas telecoms sem rosto. O resultado, nossa internet voltou
ontem, depois de quase três semanas.
Enquanto isso, a operadora TIM aprontava das suas. Tim-ganei,
Tim-lasquei, Tim-fudi e assim por diante. Com certeza, fruto de
uma boa dose de chuva e árvores "mal posicionadas".
A combinação de ausência de internet e ausência de telefonia é uma
mistura perigosa, deixa a gente meio doido. "E se acontecer alguma
coisa? E se eu tiver um troço e não puder ligar para o hospital ou
os números de emergência?"
De fato, Trombetas é realmente um local bucólico.
Quanto mais a gente fica aqui em cima percebe como é diferente do
mundo aí embaixo. Seja pela velocidade e estabilidade das conexões
via internet ou celulares, ou pela rede de serviços e comércio
disponível a praticamente qualquer hora do dia ou da noite. Por
exemplo, a Ana foi picada por uma vespa ontem. Fomos ao hospital
porque ela teve uma reação alérgica. Formou-se primeiro um inchaço
pequeno, do tamanho de uma moeda. Ele terminou bem maior que um
pires, com direito a injeção de dexametasona e tudo mais. Falando
na rede de serviços, não havia uma farmácia aberta na cidade para
que comprássemos a pomada receitada pelo médico. E pensar que o
relógio tinha acabado de marcar a sua décima badalada noturna.
Não pensem que estou reclamando, muito pelo contrário. Onde mais
podemos ver gaviões caçando, araras voando e cotias comendo sem
ter que ligar o NatGeo ou Animal Planet? Aliás, a floresta tem um
som muito melhor ao vivo.
Enquanto isso, a Ana me diz "só não quero ficar lá dentro, a casa
e o asfalto estão ótimos". Impagável.
humanidade! É comum a gente ver por aqui um monte de espécies
tipicamente amazônicas levando suas vidas numa boa. Por exemplo,
todas as manhãs e nos fins de tarde eu vejo cotias na ida e na
volta do trabalho. De vez em quando, se você der sorte, pode ver
um veado. Todos os dias ouvimos o barulho do macaco guariba.
Também já vi algumas vezes tucanos e araras vermelhas. A Ana até
já viu as azuis. No fim de semana passado fomos ao Lago do Moura e
vimos patos, um pássaro pescador (como um mergulhão, que nos
mostrou que nem só os beija-flores pairam no ar) e botos que
nadavam acompanhando nosso barco. Isso sem contar nas inúmeras
criaturas que apenas ouvimos durante o acampamento noturno e
diurno.
No entanto, nem tudo são flores.
No início do mês de outubro tivemos uma mega-chuva, daquelas de
cinema. Acho que é isso que os gringos chamam de tropical
rainstorm. Ela derrubou um monte de árvores na cidade e, suponho,
na floresta. Graças aos céus, ninguém ficou ferido. A outra coisa
que ela derrubou foi o sinal de internet. Ou seja, alguma árvore
em algum lugar caiu por cima dos fios, antenas ou sei lá-o-quê
responsável pela comunicação entre a cidade e o satélite de uma
dessas telecoms sem rosto. O resultado, nossa internet voltou
ontem, depois de quase três semanas.
Enquanto isso, a operadora TIM aprontava das suas. Tim-ganei,
Tim-lasquei, Tim-fudi e assim por diante. Com certeza, fruto de
uma boa dose de chuva e árvores "mal posicionadas".
A combinação de ausência de internet e ausência de telefonia é uma
mistura perigosa, deixa a gente meio doido. "E se acontecer alguma
coisa? E se eu tiver um troço e não puder ligar para o hospital ou
os números de emergência?"
De fato, Trombetas é realmente um local bucólico.
Quanto mais a gente fica aqui em cima percebe como é diferente do
mundo aí embaixo. Seja pela velocidade e estabilidade das conexões
via internet ou celulares, ou pela rede de serviços e comércio
disponível a praticamente qualquer hora do dia ou da noite. Por
exemplo, a Ana foi picada por uma vespa ontem. Fomos ao hospital
porque ela teve uma reação alérgica. Formou-se primeiro um inchaço
pequeno, do tamanho de uma moeda. Ele terminou bem maior que um
pires, com direito a injeção de dexametasona e tudo mais. Falando
na rede de serviços, não havia uma farmácia aberta na cidade para
que comprássemos a pomada receitada pelo médico. E pensar que o
relógio tinha acabado de marcar a sua décima badalada noturna.
Não pensem que estou reclamando, muito pelo contrário. Onde mais
podemos ver gaviões caçando, araras voando e cotias comendo sem
ter que ligar o NatGeo ou Animal Planet? Aliás, a floresta tem um
som muito melhor ao vivo.
Enquanto isso, a Ana me diz "só não quero ficar lá dentro, a casa
e o asfalto estão ótimos". Impagável.