sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mais um capítulo da novela Sony X hackers

Sentei para ler as notícias depois do almoço e me deparei com o seguinte: a Sony está processando o graf_chokolo (o cara que teve o apartamento invadido ontem) em um milhão de euros. Presumo que deva ser por causa dos processos de engenharia reversa que chokolo realizou no Hypervisor do PS3. Como de costume, graf disse que não vai parar de publicar suas descobertas.

Onde li isso? No blog do próprio sujeito e aqui.

A melhor parte é quando o graf diz que sentou-se com o advogado da Sony e tentou explicar que ele não está hackeando e fazendo engenharia reversa por lucro. Muito pelo contrário, se trata de um desafio intelectual e vontade de justiçar todos os usuários de PS3 que perderam a possibilidade de uso do Linux após um update de firmware. Nessas horas me lembro do livro The Pirate's Dilemma, de Matt Mason, quando ele explica que muita gente hoje não é movida pelo dinheiro, que o dinheiro importa apenas para satisfazer as necessidades básicas (contas de água. luz, internet, condomínio/aluguel, alimentação e etc). Nesse caso, o desafio intelectual e a vontade de contribuir para uma causa maior são os verdadeiros motivadores.

Em tempo: é possível baixar o livro de graça no site oficial. Peguei o PDF, imprimi e li tudo em cerca de uma semana. Foi a melhor explicação que encontrei para o estágio atual do capitalismo e sua relação com pirataria, direitos autorais, importância das redes sociais e a maneira de pensar de uma geração que nasceu após a massificação dos computadores pessoais, celulares e internet. O livro merece um post só dele e pretendo fazê-lo algum dia.

Enquanto isso, circulam rumores pela internet de que a Microsoft está oferecendo ajuda financeira ao geohot em sua batalha contra a Sony. Lembremos que o sr Hotz já foi convidado a trabalhar com a MS no Windows Phone 7 logo depois que ele foi processado pela Sony.

A situação da MS e a Sony (e da Nintendo, inclusive) é semelhante. Em todos esses casos, seus consoles foram destravados e os usuários estão rodando aplicativos caseiros feitos pela comunidade. Claro, também estão rodando jogos piratas com suas funções online praticamente intactas (via Xlink Kai, FuckPSN ou qualquer outro programa ou rede paralela). Mas o caso é que as empresas estão diante de um dilema (o Dilema do Pirata, proposto por Matt Mason): ou elas aprendem a competir pela fatia de mercado, adaptando suas estratégias e produtos, ou tentam esmagar a pirataria/software independente correndo o risco de causar dano aos usuários legítimos. Vi e ouvi casos de gente que recebeu e-mails de aviso da Sony e/ou Microsoft com coisas tipo "você tem hardware e/ou software pirata no seu console, remova-os imediatamente e etc etc".

A questão de fundo é: até onde essas empresas estão prontas para se adaptar a um mercado em constante transformação onde os usuários possuem necessidades diferenciadas e participam ativamente da geração de conteúdo?

Essa maneira de pensar explica o sucesso de jogos como Little Big Planet, ModNation Racers, Minecraft e tantos outros nos quais é possível criar suas próprias fases, personagens, cenários e etc. Uns anos atrás, o mesmo aconteceu com Doom, Unreal Tournament (até hoje tenho as fases que fiz para o UT 99) e Half-Life. No caso da Valve, a fama de Counter-Strike (que começou como um mod para o jogo original) foi tão grande que os caras foram contratados pela empresa. Está aí um exemplo no qual a empresa identificou o mercado e os competidores e fez algo de positivo. O resultado? Counter-strike ainda é jogado até hoje por muuuuita gente. Qualquer esquina tem uma lanhouse com CS 1.6, não?

De toda forma, vamos ver até onde vai essa novela e quais serão as posturas dos nossos atores. O futuro promete!

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